- Nº 2161 (2015/04/30)

Com o PCP e a CDU:<br>alternativa e confiança

Opinião

Lá do alto, amplificados e devidamente enquadrados pelos comentadores de serviço e ao seu serviço na comunicação social, o primeiro-ministro, ministros e demais apaniguados desdobram-se em fazer passar a mensagem de que vivíamos acima das nossas possibilidades, mas que os sacrifícios valeram a pena... Segundo eles, há sinais que indicam que o pior já passou. Os cofres estão cheios, mas reformas vão prosseguir, com estes ou com outros, os que integram «o arco da governação».

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Aqui em baixo, no País real, a realidade é bem diferente. Os sinais são outros e mostram à evidência os verdadeiros resultados desta política de direita e os reais objectivos dos seus executores:

Alpiarça: Renoldy, 56 postos de trabalho. A administração quer encerrar a empresa num processo pouco claro e repleto de ilegalidades. A produção parou. O único cliente que restava, a Sonae, cancelou as encomendas. A marca branca continua nas prateleiras, o leite virá de outras paragens.

Entroncamento: EMEF. Falta trabalho, matéria-prima e encomendas. Vêm de Espanha as peças que aqui podiam ser fabricadas. Desmantelar, rescindir, despedir para privatizar.

A ver se pega. Trabalhar no 1.º de Maio.

Mercado de Tomar. Os vendedores vendem menos e estão em dificuldades. O mercado está encerrado no 1.º de Maio. O PSD travestiu-se de defensor dos comerciantes e vá de propor que o mercado abrisse. Desta forma ardilosa, dezenas de trabalhadores da autarquia seriam obrigados a trabalhar no Dia do Trabalhador.

Centro Hospitalar do Médio Tejo. Em nome da rentabilização e do objectivo de melhorar o serviço prestado, desarticulou-se serviços, concentrou-se as urgências dos hospitais de Tomar e Torres Novas em Abrantes. O que antes funcionava mal, mas funcionava, deixou de funcionar. A gripe já se foi, a urgência continua um caos. O acesso aos cuidados de saúde piorou substancialmente. No Hospital de Santarém passa-se o mesmo. Os privados esfregam as mãos de contentes. Os utentes optam cada vez mais pelo recurso a unidades privadas em vez de se sujeitarem a horas e horas de espera nos hospitais públicos.

A remar contra a corrente, os responsáveis dos politécnicos, confrontados com cortes insuportáveis, vão fazendo das tripas coração para garantir o funcionamento dos cursos.

Uma profunda crise social, desertificação dos centros históricos, comércio e serviços e desaparecer, encerramento de tribunais, de extensões de Saúde, milhares de utentes sem médico, caos nas urgências e valências hospitalares, centenas de escolas e jardins de infância encerrados, postos de correios fechados e serviço postal caótico, encerramento de serviços da Segurança Social e respectivos despedimentos. Introdução de portagens, pontes sobre o Tejo e acessibilidades que nunca mais se constroem. Liquidação de freguesias à revelia das populações.

Tudo isto e muito mais aconteceu no distrito de Santarém.

Não pôr tudo no mesmo saco

Com a acção e a intervenção do PCP e do seu deputado, dos eleitos da CDU, do movimento sindical e dos utentes, com a luta dos trabalhadores e das populações, a denúncia, a proposta, a palavra e a iniciativa solidária, a mobilização para a luta, muitas vezes total ou parcialmente vitoriosa, foi uma constante ao longo destes anos.

PS, PSD e CDS e respectivos deputados primaram pelo silêncio, pela presença de circunstância ou pela duplicidade de posições, como é o caso caricato daquela deputada do PSD que, na qualidade de eleita autárquica se deslocou à Assembleia da República para sensibilizar o PCP para um assunto da responsabilidade do seu partido e do Grupo Parlamentar de que fazia parte; ou ainda daquela outra, também do PSD, que, de vela na mão, participou numa vigília na sua terra contra as alterações no funcionamento do Centro de Saúde e depois, no Parlamento, tomou posição bem diferente.

Agora, que já cheira a eleições, aí vêm eles, uns atrás dos outros, desdobrando-se em visitas, iniciativas, perguntas e requerimentos, declarações para a comunicação social sobre problemas que existem há muito e que eles, cúmplices e tantas vezes responsáveis directos, ignoraram.

No quadro da acção de contacto e esclarecimento que estamos a promover constata-se uma crescente simpatia e identificação com o PCP e a CDU, a sua acção, intervenção e propostas. Constata-se também que o descrédito com a política e os políticos, sintetizada na expressão «são todos iguais», se esbate na medida em que, na conversa, no exemplo concreto, muitos são os que se apressam a dar-nos razão e a perceberem que afinal… não se pode meter tudo no mesmo saco!

É tarefa nossa transformar tudo isso em opção consciente e consequente, corporizada na adesão ao PCP e no voto na CDU.


Octávio Augusto